Realmente não sei. Não de forma abrangente. Mas sei como caracterizar os meus.
Existe aquele tipo alvo de brigas durante os anos escolares. Aquele que se acha o galã de cinema norte-americano, o pegador. Mas que, quando necessário, desce do seu pedestal e acha um tempinho em sua agenda requisitada para ouvir minhas lamúrias, mesmo que seja para, ao final, me responder com um simples ‘Ah! Sei lá!’. Esse é aquele tipo de amigo que não profere palavras de baixo calão se recebe mensagens de madrugada no celular – até porque ele não acorda com o celular.
Existe aquele que não é visto há pelo menos dois anos – e esse tempo só não se tornou maior porque ele deu-se ao trabalho de ir visitar essa pobre mortal que vos escreve em seu antigo colégio. Esse pode ser considerado o amigo mais antigo – mais ou menos desde os primórdios da extinta 1ª série –, mas que comprova que existem coisas que nunca mudam, e a amizade não mudou – mesmo que sendo sustentada por conversas de msn. Isso quando sua boa-vontade não é explorada, e essa alma caridosa ajuda em trabalhos na madrugada – e ele não faz Jornalismo.
Há o amigo mais que amigo. Que era amigo, depois se tornou mais que amigo, depois deixou de ser mais que amigo para ser um completo insuportável. Hoje é mais que amigo novamente, mas é suportável, incrivelmente suportável.
Há a amiga que se brigou durante o colegial. Aquela que demorou quase quatro anos para conseguir compreendê-la, e mesmo assim ainda existem nuvens na nossa amizade. Mas hoje nota-se o quanto faz falta suas ironias malditas, e a técnica de compartilhamento de informações durante as provas ou, melhor dizendo, conferir as respostas.
Há aquele tipo de amigo que desapareceu da sua vida. Simplesmente, a amizade mudou. Não se sabe por qual motivo, nem em que momento isso aconteceu. Mas isso comprova que existem amizades que mudam.
Há também a nova amiga. Aquela que só se conhece há 4 meses – ou menos que isso – mas que já sabe do descontentamento ao ouvir ‘Gabriela e cor-de-rosa’ em uma mesma frase. Meio desligada, às vezes. Complicadíssima. Doida. Companheira de passeios à Paulista – que nos renderam bochechas queimadas de Sol.
Há aquela que te ensinou a ouvir Teatro Mágico e te mostrou que existem pessoas inteligentes ao nosso redor, mesmo que ela não se inclua nisso. E hoje eu me pergunto: ‘E se eu não tivesse reparado que ela estava ali, quietinha? E se não tivesse a chamado para nos ajudar com a Fotonovela?’. Teria perdido a chance de uma amizade incrível. Uma expressão para descrevê-la: Eterna Viajante, ou, se preferir, Simplesmente Desligada.
Há a companheira de Janela, mas que ultimamente deve ter se cansado de nunca obter respostas para todas as suas indagações. Essa é do tipo quietinha, daquelas que não falam nada se você não intimar que fale. Ai, ai... Mas o que seria da vida sem suas perguntas impertinentes? Acho que não haveria conversas de janela sem essas dúvidas que te assolam.
Há a filósofa. É, porque essa é do tipo que resolveu que iria querer tomar o lugar do nosso professor de Teoria da Comunicação, filosofando tudo quanto é coisa que ela ouve. Isso é estressante, quando já se ouviu diversas teorias filosóficas num curto período de tempo. Mas, com toda a certeza, é a companhia perfeita para se discutir futebol. Mesmo quando resolve defender seu time... Tsc, tsc, Mas o melhor mesmo é o veneno escorrendo quando a nossa querida a-mi-ga faz algum comentário. ‘Na crista da Oooonda!’
Tem também aquela que se pode falar que passou a manhã de mau-humor, que os trabalhos estão matando aos pouquinhos qualquer alma. Ela te entende. Pode falar sobre os pitis da a-mi-ga, que ela vai te compreender. E mesmo ela sendo mais velha – não tanto assim! –, parece adolescente quando diz que quer tomar chopp de vinho no boteco perto da faculdade.
Tem aquela que parece saída de um desenho animado. Doida que só, faz barulhos estranhos com a boca nos momentos mais inapropriados. Amiga para contar peripécias do feriado e dar risadas até ter dor na barriga.
Tem aquela distante que nunca viu na vida, mas que parece conhecer desde sempre. Aquela que por acaso, se conheceu porque ela gostou do que se escrevia e vice-versa. Mesmo morando a uma distância considerável, parece estar aqui ao lado quando se precisa. Afinal, quem tem um Pégasus tem tudo.
E, claro, tem aquele amigo – pensou que eu iria esquecer de você, né? Aquele que não existia assuntos pra conversa, depois passou a existir. Mas que hoje, dificilmente, consegue-se manter uma conversa longa. Tirando a de ontem, quando discutíamos a forma como eu irei ferrar com a professora de História da Arte...
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Não tenho todos os amigos em um só, mas tenho em todos o que preciso. Todos que completam essa minha vida complicada e confusa. Cada um tem seu espacinho, seu momento, sua importância.
Existem pessoas que passam a vida a procura de um amigo. Eu tenho todos esses. E me sinto realmente feliz, e grata, por todos vocês me aturarem.
por Gabi, que nos últimos segundos passou a acreditar que seus
amigos realmente têm muuuuuita paciência com essa
pessoa tão comum...